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4                                   Jornal Regional                                                                23 de outubro de 2023

                                    Vai Curintia!

    Lucerna Amendola Serejo         todos juntos. Corin-                                  da Gávea - que por       Elas chegavam em casa contrari-
                                    tianas!!! Por que co-                                 ser pequeno parecia      adas e constrangidas da postura
   Meus irmãos sempre gostaram      rintianas numa famí-                                  não ter perigo. O que    do pai diante de torcedores.
muito de esportes. Os homens jo-    lia que tinha palmei-                                 duas corintianas fo-
gavam futebol na Associação         renses, são paulinos,                                 ram fazer num jogo          Pois bem, sobrou pra quem?
Atlética Ituveravense e as mulhe-   santistas!?                                           do Flamengo?             Claro que tive que assumir essa
res torciam. Minhas irmãs adora-                                                                                   cruz, era muito importante pra
vam futebol e, até os 95 anos de       Um cunhado                                             No time carioca ti-  elas e eu me diverti muito com
idade, assistiam jogos pela TV.     meu, corintiano, se-                                  nha o Romário, super     isso.
Elas torciam pelo Palmeiras mas     duziu-as desde pe-                                    ídolo, ali, pertinho
também gostavam de assistir um      quenas para o time                                    delas. Fui levá-las até     Me lembro de uma vez que mi-
bom jogo de basquete, vôlei, etc.   da Fiel e elas seguiram pela vida     a porta do estádio e depois bus-         nhas filhas queriam ver um treino
                                    assim. Elas brincam que começa-       cá-las no final do jogo. Como elas       do time no Parque São Jorge. Lá
   Eu não! Nunca gostei, nunca      ram a torcer pelo bem dele, que       amaram essa experiência!                 fomos nós. Chegando lá estava
me importei nem com Copa do         ficava nervoso demais assistindo         Em São Paulo, já em 1997, fi-         saindo dois ônibus e nos disseram
Mundo. Uau! Verdade!                ou ouvindo os jogos do Timão.         nalmente foram ver o time de co-         que os jogadores iriam para um
                                                                          ração. O pai levou ao estádio do         outro local para atividades físicas.
   Conheci meu marido que dizia        O hino do Corinthians era ou-      Morumbi, o jogo era São Paulo x          Cada ônibus foi para um lado a
ser flamenguista. A minha sorte é   vido à distância lá de casa nos dias  Corinthians. Ele achou que a mis-        fim de despistar as pessoas que
que ele só se dizia torcedor, mas   de jogos. Alucinadas por futebol,     são estava cumprida, mas pra elas        estavam ali.
não entendia nada de futebol, não   desde crianças acompanhavam           era só o começo.
se interessava e não assistia um    todos os jogos pela televisão, e         Foram mais duas ou três vezes            Não sei como segui o ônibus
jogo sequer. Ok, vôlei ele gostava  numa certa idade começaram a          com ele, mas essas idas acabaram         certo e fomos parar no Parque do
de jogar, assistia alguns jogos,    pedir para irem ao estádio.           não dando muito certo porque ele         Carmo, perto de Itaquera. Quan-
mas sem muito entusiasmo.                                                 não suportava o ambiente, os pa-         do essas meninas avistaram os jo-
                                       Em 1996 cedemos à                  lavrões da torcida e ficava olhan-       gadores, entre eles Marcelinho
   Mas minhas filhas, não sei       pressão. Nós estávamos no Rio de      do feio pra quem xingava ali per-        Carioca e Edmundo, ficaram su-
como ou porque, se saíram iguais    Janeiro, a do meio tinha 14 e a       to das filhas. Imaginem a cena.          per animadas. Entramos e fui con-
aos tios maternos e um pouco        mais nova 12 anos. E o jogo era                                                versar com o técnico, Eduardo
mais loucas por futebol do que      Flamengo x Itaperuna, no estádio                                               Amorim, pedir permissão para
                                                                                                                   que as meninas conversassem
                                                                                                                   com os jogadores. Iniciei a con-
                                                                                                                   versa falando que nossos filhos,
                                                                                                                   minhas e dele, estudavam no Co-
                                                                                                                   légio São Luís, etc e tal. Foi ótimo
                                                                                                                   para elas essa aventura. Confesso
                                                                                                                   que Edmundo foi muito mais
                                                                                                                   acessível e simpático do que Mar-
                                                                                                                   celinho Carioca.

                                                                                                                      Íamos aos jogos no Morumbi,
                                                                                                                   Pacaembu e Portuguesa. Sentá-
                                                                                                                   vamos sempre na arquibancada,
                                                                                                                   junto à Gaviões da Fiel, pois era
                                                                                                                   mais seguro, eu acreditava. Nun-
                                                                                                                   ca tivemos nenhum problema,
                                                                                                                   super tranquilo. Numa dessas
                                                                                                                   vezes, estávamos em pé na ar-
                                                                                                                   quibancada e quando dei por
                                                                                                                   mim estava naquela comemora-
                                                                                                                   ção, “poropopó”, as pessoas
                                                                                                                   abraçadas pelos ombros pulan-
                                                                                                                   do de um lado para outro. As
                                                                                                                   meninas dão risadas até hoje
                                                                                                                   pela lembrança de me verem
                                                                                                                   naquela situação.

                                                                                                                      Fazer o quê?! Mãe é mãe, uai!
                                                                                                                      Vai Curintia!

                                                                                                                   Lucerna Amendola Serejo
                                                                                                                   é ituveravense residente

                                                                                                                            em São Paulo
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